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ღCasa da Colinaღ
Amor a natureza, a paz, a familia e aos verdadeiros amigos...
E a tudo que possa nos proporcionar luz, prazer, conhecimento, saude e bem estar!

ღForça para Recomeçarღ

❝Que eu saiba puxar lá do fundo do baú um jeito de sorrir para os nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica, nem contado em reais. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja, ou do mal que tenha feito pra mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesmo seja sempre obedicido com a paz de quem esta se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a paz e o desejo de viver.❞

-Caio Fernando Abreu


Simplicity

Uma casinha de pau-a-pique, se faz assim:

Primeiro se escolhe um lugar plano que é limpo de todos os matos e pedras. Depois, nos cantos da casa que vai ser (até o mais pobre, antes de começar a fazer a casa no terreno, já fez a casa nos pensamentos. Nos seus pensamentos está a ‘planta’ da casa...) fincam-se paus de madeira forte, que não apodreça com a umidade. Depois amarram-se com cipó (não havia pregos) nos paus fincados, paus colocados em cima, na horizontal. Amarram-se também paus nos lugares onde vão ser as portas e as janelas. E paus para o futuro telhado. Feita essa armação forte, trança-se, entre os paus, uma grade de paus finos. A casa fica parecendo uma prisão ou, quem sabe, um galinheiro. Aí vem a parte divertida. Os amigos se reúnem em mutirão para amassar barro grudento. Tem de ser grudento porque, se não for, quando o barro secar, as paredes se esfarinham. Um segredo técnico: se se misturar bosta de vaca com o barro, o barro fica mais forte, dá mais liga. Das vacas se usa tudo, dos chifres à bosta. E esse é o nome que tem de ser falado. Bosta. Não serve cocô. Não serve fezes. Não serve excremento. De vaca, é bosta. Se não for bosta não dá liga e nem serve para adubar. Aí começa a brincadeira. Um grupo de dentro da casa e outro de fora. Cada um com seu monte de barro. E começam a por o barro na treliça de madeira. É assim que começa. Mas freqüentemente termina de outro jeito, especialmente se os construtores forem jovens. É fácil passar do ‘por’ o barro para ‘jogar’ o barro... Mas as treliças são buracos amarrados com pauzinhos. O barro passa para o outro lado e acerta a cara de quem está do lado de lá – e o mutirão se transforma numa batalha alegre... Não há telhas para cobrir o teto. Teto se faz com sapé amarrado. Sapé é um capim que cresce nos campos. Não serve para nada. Só para cobrir. Está pronta a casa, de chão batido. Faltam duas coisas. As camas, que se fazem com paus fincados no chão e bambus atravessados – tem o nome de ‘jirau’ - onde se põe o colchão de palha de milho, e o fogão de lenha.

 -Rubem Alves

Mapa Fácil - Art: Carlos Paiva - Grafic Designer